Para analista, motivos políticos agravam ainda mais o evento natural.
A mais severa seca dos últimos 60 anos afeta 12,5 milhões de pessoas na região conhecida como Chifre da África - que inclui Somália, Djibouti, Quênia, Uganda e Etiópia. A ONU declarou fome crônica em duas regiões do sul da Somália, e anunciou que caso nada seja feito, a situação pode se transformar numa catástrofe humanitária.
A seca não é novidade para os moradores do nordeste africano - ela acontece a cada dois anos ou mais. No entanto, um estudo publicado no começo deste ano por cientistas do Serviço Geológico dos EUA (o USGS) e da Universidade da Califórnia mostra que o aquecimento global pode estar por trás da piora da seca neste ano.
Segundo ele, todas as observações e modelos climáticos indicam que o Oceano Índico está aquecendo muito depressa. "Enquanto a magnitude absoluta do aquecimento é muito menor do que em lugares como o Atlântico norte, os impactos da mudança climática podem ser dramáticos, já que o aquecimento de um oceano já muito quente pode criar mudanças climáticas significativas."
Além da questão climática, há fatores políticos que pioram as condições dos moradores da região. "Não é o fator natural que está produzindo a fome. A ONU e o mundo ocidental estão dizendo que é uma seca que assolou as pessoas. Nessa parte do mundo as secas são endêmicas. Elas acontecem a cada poucos anos, mas as pessoas desenvolveram mecanismos para lidar com isso durante os anos. Esses mecanismos foram destruídos pela guerra civil, pela guerra ao terror e pela ocupação etíope. As pessoas ficaram tão vulneráveis que elas perderam tudo o que tinham antes de a seca chegar. Quando a seca chegou, eles já não tinham nada e ficaram famintos", explicou o professor de geografia e estudos globais da Universidade de Minnesota, nos EUA, Abdi Samatar.
Segundo Samatar, que é somali, os muitos anos de guerra civil, a pirataria, o avanço do grupo extremista Al-Shabaab e a inimizade com os etíopes tornou a situação do país insistentável. "É uma solução política, de um governo nacional somali. Pense se não houvesse um estados unidos durante a catástrofe do Katrina na Louisiana, a maioria das pessoas teria morrido, o governo dos EUA foi ajuda-los. Então o jeito de ajudar os Somália é a comunidade internacional dizer: há questões que o mundo precisa ajudar a resolver: uma delas é a questão da pirataria. Existem vários tipos de pirataria, a maioria deles não é somali. A questão do possível terrorismo é que devemos ter um estado que dê conta de suas pessoas. Sem isso a desordem irá continuar para sempre."
By: Estefane Santos
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