ORIENTE MEDIO:PARTE II
A IMPORTÂNCIA DO PETRÓLEO
A fonte de renda que projeta internacionalmente o Oriente Médio é, sem dúvida, o petróleo, cujas jazidas mais significativas são encontradas na Mesopotâmia (Iraque) e na região do golfo Pérsico, onde se situam as maiores reservas mundiais. Os grandes produtores regionais são: Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Catar e Bahrain, que fazem parte de um dos mais importantes cartéis (associação de produtores) do planeta, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
Os países da região são os principais fornecedores de petróleo para as potências econômicas, como os membros da União Européia, Estados Unidos e Japão. A dependência das grandes potências em relação ao petróleo do Oriente Médio acabou acirrando os conflitos regionais, que se avolumaram com a intensa disputa pela hegemonia política por parte dos grandes produtores de petróleo.
CONFLITOS NO ORIENTE MÉDIO
A posição das grandes potências nos conflitos regionais sempre foi baseada no apoio à tecnologia bélica local e venda de sofisticadas armas aos seus aliados. Tal posição fomentou conflitos e transformou o Oriente Médio num dos maiores mercados de armas no século XX, do qual nem o Brasil deixou de participar. Uma questão difícil era escolher os aliados, pois o quadro político regional tem sido extremamente confuso e instável. Tal precariedade política provocou sérios problemas para as grandes potências.
Caso clássico foi o Irã, escolhido pelos Estados Unidos, durante a Guerra Fria, para ser o guardião do golfo Pérsico. Esse país, dirigido na época pelo xá Reza Pahlevi, recebeu dos Estados Unidos um arsenal bélico de tal porte que o transformou, em poucos anos, na maior força militar do golfo Pérsico. Nesse período de hegemonia bélica, o todo-poderoso xá Reza Pahlevi perdeu sustentação política e foi derrubado do poder pela Revolução islâmica de 1979. Em seu lugar, foi colocado o aiatolá Khomeini, que se declarou inimigo número um dos Estados Unidos e passou a ameaçar os demais aliados norte-americanos na região.
Do outro lado, o Iraque foi escolhido pela extinta União Soviética como aliado, que lhe forneceu armas e tecnologia bélica. Colocado em situação de relativa independência, o Iraque acabou comprando armas de vários países e passou a dispor de considerável arsenal bélico. De posse desse material e sob o comando de Saddam Hussein, o Iraque invadiu o Kuwait em agosto de 1990, dando início à Guerra do Golfo. Esse conflito se arrastou até fevereiro de 1991, depois de as forças de coalizão, compostas de 28 países, imporem uma fragorosa derrota ao Iraque. A ação militar das forças de coalizão, liderada pelos Estados Unidos, foi autorizada pela ONU
A QUESTÃO DO LÍBANO
O território do Líbano é de 10.400 km2 e sua população é de aproximadamente 3 milhões de habitantes, dos quais 80% são libaneses, 12% são palestinos e 8% são de outras nacionalidades, destacando-se os armênios, os sírios e os curdos. Calcula-se que cerca de 65% da população é de muçulmanos e 35% de cristãos, que há muito lutam pelo controle político do país. Pelo pacto político estabelecido em 1943, após a independência em relação à França, ficou determinado que a maioria da Câmara (cerca de 55% dos representantes) fosse composta por cristãos, que na época eram maioria no país.
Com passar dos anos, o quadro populacional alterou-se, já que o crescimento da população muçulmana foi muito maior. Entretanto, os cristãos recusaram-se a alterar o quadro de comando político definido pelo pacto, o que gerou forte reação por parte dos muçulmanos.
A situação política, já instável, agravou-se com o crescimento das concentrações palestinas no Sul do país. Isso levou à divisão territorial, pois os cristãos, apoiados por Israel, exigem a expulsão dos palestinos do Líbano. Os muçulmanos, declarando-se aliados da OLP, defendem a permanência dos palestinos em território libanês. As divergências acabaram determinando a formação de milícias armadas por ambas as partes e, conseqüentemente, a ocorrência de sangrentos conflitos. O quadro complicou-se quando a Síria, alegando uma postura moderadora, ocupou o Norte do país em 1976, e mais ainda quando Israel ocupou o Sul do Líbano em 1982, visando desmantelar as forças militares da OLP na região.
Em 1989, com o apoio dos Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e principais países árabes, numa reunião na Arábia Saudita, foi aprovada uma Carta de Reconciliação Nacional. Participaram das discussões as três principais facções militares libanesas: Drusa, Amal (muçulmana) e Falange (cristã). Entre as intenções expressas na Carta, destacavam-se a determinação de se compor um governo comum, entre cristãos e muçulmanos, e o desarmamento das milícias no país.
Após a Guerra do Golfo, em troca do apoio que deu às forças de coalizão, a Síria recebeu carta branca dos Estados Unidos para dirigir o processo de unificação do Líbano. Para tanto, em 1991 foi assinado um tratado sírio-libanês, fortalecendo as relações entre os dois países, considerado pelos opositores uma autorização para que a Síria viesse a transformar o Líbano em seu protetorado.
Mesmo levando-se em conta o avanço das negociações entre os sírios e as milícias armadas, que em sua grande parte já depuseram suas armas, o país ainda não está livre de conflitos e bombardeios internos. Isso deve-se sobretudo às freqüentes investidas israelenses no Sul do país, em ataque às forças guerrilheiras do Hezbollah (Partido de Deus).
A QUESTÃO ÁRABE-ISRAELENSE
Os conflitos entre árabes e israelenses remontam a formação do Estado de Israel, em 1947. Durante o século XIX, na medida em que se intensificava a discriminação ao povo judeu, na Europa, crescia o movimento sionista, ou seja, o movimento político e religioso judaico que visava ao restabelecimento de um Estado judaico na Palestina, na época sob controle do Império Turco-otomano.
Após a Primeira Guerra Mundial (1914-18), o território palestino passou ao controle dos britânicos, que, a exemplo dos turcos-otomanos, se posicionaram contra a formação de um Estado judaico no Oriente Médio. Isso gerou forte reação judaica, inclusive com ação armada, através de organizações militares.
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-45), o Reino Unido, debilitado, acabou perdendo o controle político da Palestina. A partir daí, a questão da formação de um Estado judaico em terras palestinas passou a ser responsabilidade da ONU, que, em 29 de novembro de 1 947, aprovou um plano de partilha do território palestino em dois Estados: um árabe e outro judeu. Em maio de 1948, foi fundado o Estado de Israel.
Esse plano de partilha, porém, nunca foi aceito pelos árabes, visto que ignorava uma série de regiões historicamente árabes, o que provocou alguns conflitos regionais:
· Guerra de 1948: de forma desorganizada, os árabes atacaram Israel. Derrotados, viram o Estado Árabe da Palestina desaparecer, uma vez que seu território passou a ser ocupado por Israel, Jordânia (que anexou a Cisjordânia) e Egito (que anexou a Faixa de Gaza).
. Guerra dos Seis Dias (1967): Israel derrotou o Egito, a Jordânia e a Síria, conquistando estratégicos domínios a esses países, como o deserto do Sinai ao Egito, as colinas de Golã à Síria, a Cisjordânia à Jordânia, além de Jerusalém, anexada integralmente a Israel, que a transformou em sua capital oficial em 1980.
. Guerra do Perdão ou do Yom Kippur (1973): os árabes, liderados pelo Egito, tentaram surpreender Israel com um ataque programado num feriado religioso. Pretendiam reconquistar os territórios ocupados em 1967, mas sofreram nova derrota. Dos territórios ocupados, somente a península do Sinai foi devolvida ao Egito, em 1979.
Após a invasão de seu território em decorrência da criação do Estado de Israel, a luta do povo palestino pela formação de um lar nacional tem-se arrastado, seja por meio das organizações militares, como a Al Fatah, seja por meio das organizações políticas, como a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), presidida por Yasser Arafat.
Em setembro de 1993, Israel e a OLP, depois de se reconhecerem mutuamente, fecharam um acordo histórico no Oriente Médio. Por esse acordo, a ser substituído por um outro "acordo justo, global e duradouro", concedeu-se aos palestinos a autonomia administrativa sobre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.
A assinatura desse acordo provocou forte reação por parte de radicais israelenses e palestinos, contrários ao que foi estabelecido nas negociações. Os atentados se multiplicaram na região. Em novembro de 1995, o acordo de paz sofreu o mais forte revés: Yitzhak Rabin foi assassinado por um extremista israelense.
O seu substituto, Shimon Peres, mesmo enfrentando grande reação interna, conseguiu dar andamento ao processo de paz na região. Em janeiro de 1996, foram realizadas eleições no Estado da Palestina e Arafat foi eleito presidente da Autoridade Palestina, com 88,1 % dos votos.
O acordo para a formação de um Estado Palestino autônomo deixou ainda muitas questões pendentes, tais como:
· a autonomia política dos palestinos nos territórios por eles ocupados é restrita à segurança policial e à administração. Israel mantém o controle da defesa e das relações exteriores;
· a cidade de Jerusalém, oficializada por Israel como sua "capital eterna e indivisível", é reivindicada pelos palestinos. A sede administrativa provisória da Autoridade Palestina é Jericó, mas sua capital é o setor oriental de Jerusalém.
Em maio de 1996, Shimon Peres perdeu nas eleições presidenciais para Binyamin Netanyahu, candidato do Partido Conservador, por uma pequena margem de votos (0,9%). Essa apertada vitória de Netanyahu mostrou que a opinião pública israelense está bastante dividida quanto à possibilidade de reconhecimento de um Estado Nacional Palestino inteiramente autônomo.
By:Estefane Santos
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